Depois da farsa do encontro entre Sócrates e Chico Buarque (a pedido do primeiro mas correndo a versão oficial que era o cantor a querer a reunião...), fica esta fantástica obra de arte: "Bem-querer", em dueto com Maria Bethânia. Esta música deu origem a uma peça musical com o mesmo nome, ácida, dura, desesperada, mas com a garra de Chico, para mim talvez o maior cantor/autor brasileiro. Tive a sorte de a ver, em Lisboa, no ano passado.
Fica aqui o poema, mas têm de se ouvir as vozes amargas e tristes de Chico e de Bethânia, para se sentir o calafrio.
Quando o meu bem querer me ver
Estou certa que há-de vir atrás
Há-de me seguir por todos Estou certa que há-de vir atrás
Todos, todos, todos os umbrais
E quando o seu bem querer mentir
Que não vai haver adeus jamais
Há-de responder com juras
Juras, juras, juras imorais
E quando o meu bem querer sentir
Que o amor é coisa tão fugaz
Há-de me abraçar com a garra
A garra, a garra, a garra dos mortais
E quando o seu bem querer pedir
Pra você ficar um pouco mais
Há que me afagar com a calma
A calma, a calma, a calma dos casais
E quando o meu bem querer ouvir
O meu coração bater demais
Há-de me rasgar com a fúria
A fúria, a fúria, a fúria assim dos animais
E quando o seu bem querer dormir
Tome conta que ele sonhe em paz
Como alguém que lhe apagasse a luz
Vedasse a porta e abrisse o gás.
1 comentário:
Por mais que goste do Chico, a voz da Bethânia é única!!
Lindo!!!!!!
Beijos,
Catarina
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