Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
José Mário Branco aproveitou o mote e musicou:. Lembram-se?
1 comentário:
Magistral soneto, só é pena que cada vez acredite menos na mudança das vontades.Acho que todos se acomodam, continua-se a errar e a teimar no erro e concordo com a conclusão: Já não se muda como dantes...vivemos numa época em que mudar pode custar um emprego, uma estabilidade, um casamento, uma paz podre. É preciso coragem para mudar e arcar com as decsões tomadas. O risco é grande.
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