sexta-feira, 16 de julho de 2010

férias - blogue a meio-gás


crédito imagem: www.hanselmannphotography.com

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.

Fernando Pessoa
 
 
Vou de férias. O Blogue irá tendo entradas conforme a inspiração mas, sobretudo, o ter ou não rede.

2 comentários:

Virginia disse...

Faz-nos falta, mas que se há de fazer?

Goza é as férias , como si fuera este ano la ultima vez.....

Cá te espramos á volta.
Bjo

Dulce AC disse...

é bem verdade
é muito bom sentirmos o sossego
nos dias que vamos vivendo

muito bonito este poema de FP

e num abraço um poema
de um amigo
desejando-Lhe dr. Mário Cordeiro
uns dias de descanso
sossegados
por muita ser a Vida
que neles acontece

"Alvorada

O galo já cantou sua primorosa cantoria.
A noite já dormiu seu sono... acorda fria, pingada de orvalho, e pela ténue luz da estrela nascente, que do horizonte já desponta, todo o seu negrume brandamente se desfaz...
A estrela ainda pequenina, vai subindo e espreitando por entre assombrosos castelos e catedrais de marfim que há no céu.
Gloriosa e resplandecente vai engordando de luz...
Sobe imponente no firmamento... e esticando seus braços de oiro, vai rompendo as cortinas de brumas e névoas que a noite em sonhos teceu.
Caprichosamente semeia canteiros de claridade... toda a natureza se agita, numa orquestra de chilreios e murmúrios, dançando as agulhas dos pinheiros, pelo peso que já as habita.
Correm as águas das ribeiras mais felizes mais bonitas, que a sede há-de chegar com o bater do meio-dia.
Toca o sino na igreja... despertam as almas uma-a-uma - a primeira o pastor - de cajado na mão, lá vai entre balidos, chocalhos e assobios serra acima, guiando seu rebanho de novelos de lã quentinha...

É a alvorada que chega, trazendo um novo dia..."

(Walter)

dulce e catarina