quinta-feira, 10 de junho de 2010

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Em Dia de Camões, fica um soneto, dos mais bonitos ente os muitos admiráveis que o poeta escreveu.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.


Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.


O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.


José Mário Branco aproveitou o mote e musicou:. Lembram-se?

1 comentário:

Virginia disse...

Magistral soneto, só é pena que cada vez acredite menos na mudança das vontades.Acho que todos se acomodam, continua-se a errar e a teimar no erro e concordo com a conclusão: Já não se muda como dantes...vivemos numa época em que mudar pode custar um emprego, uma estabilidade, um casamento, uma paz podre. É preciso coragem para mudar e arcar com as decsões tomadas. O risco é grande.