quinta-feira, 5 de agosto de 2010

as amoras de Verão


Nada como andar pelas veredas e colher amoras, algumas ainda ácidas, outras a desfazerem-se, escuras e gostosas, misturando o sabor agridoce do fruto com o timbre do pó, enquanto os insectos zumbem e as silvas picam em cada amora que se colhe.

Ficam agarradas aos dentes? Talvez. Tingem a roupa? Claro que sim. Mas deixam a boca de quem as come sensual e apetecível... como as amoras de Verão.

Fica um poema de Sophia sobre este fruto estival.

As amoras - Eugénio de Andrade


O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.

Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

3 comentários:

Dulce AC disse...

Olá.

É bem verdade as amoras de Verão trazem-nos sobretudo muitas memórias que guardamos no coração

Foi muito bom entrar aqui agora e olhar esta foto tão perfeita de amoras de Verão
fiquei com saudades de um outro tempo..! e claro do campo ...
e dos pirilampos que também os há por lá nesta altura de Verão..!

Num abraço amigo um olá de bom fim de semana.

dulce ac

A. de S. disse...

Há um lapso.


Este poema - belíssimo - é de Eugénio de Andrade.

A.de S.

Mário disse...

A. de S.
Obrigado pela correcção. Tinha escrito que era de Sophia mas já emendei. O poema é de facto muito belo.