Manet - Dejeuner sur l´herbe
Cesário Verde
Naquele piquenique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela;
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
2 comentários:
Estudei este poema no liceu ou na faculdade, já não me lembro bem e fiquei tocada pelo erotismo das imagens, que tão bem se adequam a este quadro de Manet.
Não há duvidas de que simbolistas e impressionistas têm pontos em comum e tanto quadros como poemas, reflectem coisas palpáveis, neste caso os seios e as papoulas.
Adoro a musicalidade do poema.
Boa escolha!
Eu também estudei este poema e lembro-me de me ter encantado com poesia de Cesário Verde, absolutamente fascinante, crua e surpreendentemente realista.
Tambem o considero uma muito boa escolha!
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