terça-feira, 12 de janeiro de 2010

contraluz

O contraluz é um dos efeitos que mais gosto. Permite realçar algumas coisas, esbatendo as outras, ou reduzindo-as a um quase-esboço, mas com uma presença mantida, forte, sem a qual tudo o resto não teria sentido.


A primeira fotografia que tirei, aos 9 anos, foi um contraluz, na Ria de Alvor - uma rapariga a apanhar conquilhas, ao fim da tarde. Foi com um pequeno "caixote" que apenas nos pedia para carregar no obturador. Não tinha mais qualquer outra função ajustável...

Desses tempos, a fotografia que considerei sempre como "a melhor", foi também um contraluz, no Hostal de les Reyes Catolicos, em Santiago de Compostela. A máquina, claro está, foi prenda de passagem da 4ª classe, dada pelo meu Pai.



Estas foram tiradas no primeiro dia de 2010 - longe vai aquele tempo, mas continuo a ter um especial carinho por este tipo de fotografia.

6 comentários:

Virginia disse...

Gosto tanto de contra-luz que tenho um folder especial nas minhas imagens com esse nome. Tenho dezenas de fotos nesse baú! A melhor foto a contra-luz que tirei foi precisamente com a máquina que referes na tua entrada - o tal caixotinho que tinha custado 90 escudos e que me emprestaste para a viagem de finalistas em 1969 - em Genéve, ao fim da tarde. Não sei se já a pus no meu blogue - digitalizei-a e ficou excelente. Vou-ta mandar só para tu veres a preciosidade que ali tinhas.:))

Huckleberry Friend disse...

Lindas, e a fazer saudades... não sei se alguma vez lhe disse explicitamente quanto o considero um excelente fotógrafo, Pai. Adoro tirar fotografias, mas, conhecedor dos meus limites, sei que essa habilidade não herdei.

catuxa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
catuxa disse...

Estão muito bonitas. Ainda me lembro do laboratório fotográfico que o tio tinha num wc em casa dos avós, na Visconde Valmor (bem como dos aquários com variadíssimas espécies de peixes, dos bichos conservados em frascos no quarto, era um quarto sui generis e fascinante para a criançada, mas isto é um aparte) e os meus pais têm fotografias giríssimas de nós em pequenos, enormes, a preto e branco, reveladas (e creio que tiradas) pelo tio, também na praia da luz.

Virginia disse...

Esse lab fotografico foi comprado a meias comigo - a máquina - porque na altura ainda vivia em casa. Muito me entusiasmei com esse projecto, embora o tio tivesse mais tempo do que eu, que estava no estágio ou a dar aulas. Aliás, a fotografia e filmes fazem parte da nossa infancia e adolescência, o nosso Pai era um expert e esse o seu hobby principal. Passei horas a unir filmes pequeninos , de modo a fazer um grande. É uma pena que esses filmes já se não possam ver.

Mário disse...

Esse caixote não sei que destino teve, mas fez história. O senhor Santos, da Filmarte (presidente da Associação para Salvar a Costa da Caparica) - já morreu há décadas -, dizia, para me entusiasmar que custara 90 escudos mas que as lentes eram sobras da Leica, pelo que tirava as fotografias tão bem... começo a acreditar que falava verdade.

Um dia contarei mais coisas sobre o laboratório em casa, as luzes inactínicas, e as fotomontagens que fazia, os efeitos de solarizações e outro efeito que se chamava "sabatier" e que era abrir a luz branca e estragar nove em cada dez fotografias. A outra, que restava ficava com um tom de prata lindo.

O aquário dos peixinhos - bem relembrado, Catuxa, onde chegaram a estar cerca de cem no aquário e vinte na maternidade... tiveram um fim triste. Como os pombos que embalsamei. Bons temas para desenvolver.

Huck: obrigado pelo elogio!