terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Mário de Sá-Carneiro

para Mário de Sá-Carneiro


Hoje estive
a reler
Mário de Sá-Carneiro.

E senti o arrepio
inteiro
de um quarto cinzento
num hotel de Paris.


E o suicídio, ridículo
veículo
para um pensamento
certeiro
e feliz.


Porquê o desespero ?


"Um pouco mais de sol
eu era brasa
Um pouco mais de azul
eu era além..."


Talvez um exagero
Depois o destempero
Por fim o desespero


Por isso o desespero...


MC

1 comentário:

Virginia disse...

Já transcrevi este poema , salvo erro, no meu blogue. Transmite sempre um enorme sentimento de frustração, essa que nos acompanha quando queremos ser excelentes e somos , apenas (?) bons. Aceitarmo-nos com as nossas capacidades é , por vezes, extremamente difícil sobretudo para quem está convencido de que, com mais sorte, mais aceitação, mais reconhecimento ou mais golpe de asa, conseguiria atingir o pleno.
Conheço pessoas assim, que levam uma vida inteira a lamentar a sua sorte e sendo bons, não deixam transparecer aquilo que são ou por receio da recusa, da crítica, dum feedback negativo ou porque se estão nas tintas ( estarão?) para o que os outros pensam deles.

Este blogue e outros revelam a felicidade que é partilhar o Belo com os nossos amigos ou leitores fieis. Há em nós a necessidade de comungar na Fé no Homem e na Natureza, na certeza de que para além de todo o Mal , há potes de oiro para lá do arco íris...

Poetry within poetry...that's super, Mário!