segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

em memória dos pescadores que já morreram este ano

Naufrágio - William Turner

Com fome e com sede
Saíram para o mar
Tentaram a sorte
Em busca de pão


Pediram ao mar
E o mar disse "não!"
Mas deu-lhes a morte
No fundo da rede.

MC

4 comentários:

Virginia disse...

Não compreendo como é que se vai para o mar - ainda ontem o vi, alto, tenebroso, traiçoeiro, sem a minima protecção, sem salva-vidas, sem coletes, sem boias, sem alertas, sem nada....acho que os nossos pescadores são os eternos fatalistas, que jogam a vida todos os dias....
Não me entra na cabeça porque é que não é obrigatória segurança no trabalho, precaução, apoio imediato, certeza de que há alguém preocupado....só depois da desgraça é que se chora e gastam balurdios a encontrar os corpos no meio do palheiro. Isto irrita-me e choca-me. Desculpa!

Unknown disse...

Mar imenso,
carregado de mistério,
que nos levou quatro homens.
Quantos mais la estão,... mais levará?
Ribamar está de luto,sombria, entristecida...
A dor não passará!
Mar imenso,
melancólico, belo e forte...
Carregado de vida, sustento, e por vezes...morte!

Até Breve
Ana Bianco

Mário disse...

Pois é, Ana. Tragédias em percursos de vida que são ceifados prematuramente. Ainda hoje mais um pescador desapareceu no Cabo Carvoeiro.

Há dias ouvi um comentário sobre os subsídios, que embora existam chegam tarde, pelo que as pessoas não podem esperar e arriscam. Só que as tragédias nem sempre acontecem só aos outros.

Um abraço para Ribamar.

Virginia disse...

Não seriam estas tragédias evitáveis por vezes?

Detesto este sentimento de fado -não gosto da canção em si - acho que torna as pessoas tão conformadas e tristonhas. Há dias recebi dum amigo argentino um PP com fotos de tango e música a acompanhar e o tom era alegre, vistoso, incomparavelmente mais interessante do que a nossa imagem da mulher de xaile preto a chorar a morte do marido ou o fim dum amor.
Uma coisa é um bombeiro morrer ao socorrer uma vitima na Madeira - é uma tragédia, mas ele é um heroi - outra é sair para o mar em busca de pão num dia de temporal. Não hà direito.